O Girolando é uma espécie bovina brasileira mestiça, originada do cruzamento do zebuíno Gir (Bos indicus) com o europeu Holandês (Bos taurus). É considerado por muitos a mais importante raça leiteira de clima tropical no mundo e responsável por aproximadamente 80% de todo leite produzido no Brasil, com maior concentração de animais no Estado de Minas Gerais, que se destaca como maior produtor de leite do país. O Girolando ainda desponta como a raça que mais cresce no que se refere à comercialização de sêmen bovino no país, com mais de 544 mil doses vendidas em 2013.
A criação do Girolando surgiu da ação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), a partir do programa PROCRUZA, que objetivava a obtenção de raças bovinas totalmente adaptadas às condições climáticas existentes no Brasil e que pudessem fornecer boa produtividade. Em 1989, foram definidas as diretrizes para formação do Girolando em relação a padronização da raça e, em 1996, aconteceu a oficialização pelo MAPA. Para ser considerado um verdadeiro Girolando ou “Puro sintético”, o animal deve possuir 5/8 do gene Holandês e 3/8 do gene do Gir.
O cruzamento do Gir com o Holandês resultou em um animal que alia a rusticidade proveniente das raças zebuínas (adaptado a clima similar ao encontrado no país) com o aspecto produtivo das raças europeias. A principal característica é o alto potencial de adaptabilidade às diversidades topoclimáticas e formas de manejo, devido a sua excelente capacidade de regulação de temperatura corporal, estrutura muscular e esquelética, adequando-se bem ao modo de produção brasileira.
O Girolando é caracterizado pelo porte médio, pelagem curta e de coloração que varia da cor preta a avermelhada, podendo apresentar manchas claras ao longo do corpo. O animal não têm chifres, as vacas possuem úberes bem desenvolvidos com boa capacidade para leite, são dóceis, o que facilita o manejo cotidiano e de uma forma geral, a raça é bem resistente a doenças e parasitas como os carrapatos.
Os índices zootécnicos da raça evoluíram ao longo dos anos no país, em especial a produção de leite. Este aumento pode ser explicado pelo melhoramento genético das raças de origem como o gado Gir, que melhorou o seu potencial produtivo para a produção de leite. Esta nova característica do Gir Leiteiro somada à boa produtividade de leite do gado Holandês, tornou as vacas da raça Girolando ainda mais produtivas no decorrer dos anos, resultando em um excelente animal para produção leiteira no Brasil.
A última média obtida de produção de leite da raça Girolando foi de 5.061 kg por período de lactação (em 2013), número considerado ótimo se comparado às outras raças leiteiras no país, como a Holandesa (pura) com produção média de 6.000 a 10.000 kg por período de lactação e a Jersey (pura), que produz em média de 3.500 a 5.500 kg. A produção de leite do Girolando também pode ser mantida a pasto, porém com produções médias por lactação de 3.500 kg por período, sendo esta flexibilidade alimentar outra boa característica do animal.
As vacas da raça Girolando podem produzir leite por até 15 anos de idade, entretanto, os maiores índices de produção ocorrem nos primeiros 10 anos de vida. Outra característica da raça é a boa aceitação do animal a ordenha mecânica, sendo dispensável a presença de um bezerro em seu pé para retirada do leite, facilitando o manejo do animal durante o processo.
Quando comparado com outras raças destinadas à corte, o Girolando se mostra satisfatório, pois anatomicamente possui proporções de espessura e comprimento que permitem a distribuição uniforme da gordura em sua carne. A raça possui um bom ganho de peso diário, superior a 1 kg por dia, podendo ser alimentada exclusivamente a pasto, pois apresenta um bom aproveitamento de nutrientes mesmo em pastagens consideradas pobres nutricionalmente, sendo uma alternativa para a redução de custos na produção.
São animais muito eficientes na reprodução, não apresentando intercorrências durante o procedimento do parto como a retenção da placenta, problema comum entre os bovinos. O Girolando é considerado produtivo em média a partir do 35º mês de vida, quando gera a sua primeira cria, que nasce com um peso médio de 35 kg, considerado bom para o desenvolvimento do animal (vigor). As vacas da raça possuem uma ótima capacidade maternal, o que auxilia no rápido crescimento dos bezerros.
Os machos da raça Girolando são muitos férteis, devido à capacidade de controle da temperatura da bolsa escrotal, característica herdada da raça Gir. Uma grande parcela dos Girolandos machos é utilizada para reprodução, devido ao alto nível de seleção e valor genético dos rebanhos.
O elevado crescimento da raça, ao longo dos mais de 20 anos em desenvolvimento no Brasil, demonstra a sua importância e qualidade para a cadeia leiteira nacional, sendo considerada atualmente a principal raça para esta finalidade. O sucesso se deve a fusão de seu ótimo desempenho produtivo em relação aos mais diversificados sistemas de produção leiteira, formas de manejo, topografia e climas encontrados no país.
Fontes consultadas
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE GIROLANDO. Disponível em: . Acesso em: 08 set. 2015.
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ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CRIADORES DE GIROLANDO. Disponível em: . Acesso em: 08 set. 2015.
DUARTE, A.A. Principais raças de bovinos leiteiros do país. Moodle, Universidade de São Paulo. Disponível em: . Acesso em: 25 set. 2015.
FREITAS, A.F.; DURÃES, M.C.; MENEZES, C.R.A. Girolando: raça tropical desenvolvida no Brasil. Circular Técnica 67. EMBRAPA, Juiz de Fora, 2002. Disponível em: . Acesso em: 08 set. 2015.
MIRANDA, J.E.C.; FREITAS, A.F. Raças e tipos de cruzamento para produção leiteira. Circular Técnica 98. EMBRAPA, Juiz de Fora, 2009. Disponível em: . Acesso em: 08 set. 2015.
SILVA, M.V.G.B. et al. Programa de Melhoramento Genético da Raça Girolando Sumário de Touros Resultado do Teste de Progênie. Documentos 170, EMBRAPA Gado de leite, Juiz de Fora, 2014. Disponível em: . Acesso em: 08 set. 2015.
Elaborado por
Casa do Produtor Rural
Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” – ESALQ/USP
Carlos Bernardo da Cruz Santos
Graduando em Engenharia Agronômica
Estagiário - Casa do Produtor Rural - ESALQ/USP
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Foto de capa: Associação Brasileira dos Criadores de Girolando
Acompanhamento técnico
Fabiana Marchi de Abreu
Engenheira Agrônoma
CREA 5061273747
Casa do Produtor Rural
Coordenação editorial
Marcela Matavelli
Agente de Comunicação
DRT 5421SP
Casa do Produtor Rural
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